segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Groundforce - A Greve

Eis a crónica interessante de Alberto Gonçalves (sociólogo) no diário de Notícias sobre a greve na Groundforce: "MALAS AVIADAS:Eu aceito que um objectivo de qualquer greve consista em provocar danos nos processos correntes de trabalho, e em divulgar os danos com o máximo ênfase. Mesmo assim, faz-me sempre relativa impressão a alegria com que os sindicatos afirmam os inconvenientes causados ao público. Durante a paragem dos funcionários de "handling" (bela palavra) dos aeroportos, os seus representantes surgiam a cada dez minutos nas televisões para jurar que são capazes de incomodar brutalmente os passageiros. Há uma certa graça em ver alguém anunciar atrasos, extravios, consumições e caos com ar de orgulho. A certa altura, cheguei a esperar por um sindicalista que abrisse espumante celebrativo, enquanto revelava a primeira vítima de enfarte, por exemplo de um emigrante impedido de regressar a tempo ao emprego no Luxemburgo. Não faltou muito. Reconheço que, em teoria, os grevistas correm riscos. É preciso coragem para se congratularem com o pandemónio que suscitam nas proximidades de quem sofre o pandemónio. No "telejornal", um grevista com penteado em forma de pudim descrevia encantado a demora na entrega das malas. Atrás dele, a escassos metros, uma fila de infelizes aguardava as malas que não vinham. Espantosamente, não se estabeleceu o nexo entre o encanto do primeiro e a infelicidade dos segundos, ou o grevista com cabelo de pudim teria terminado a entrevista no centro de saúde. A "luta", que os sindicatos tanto invocam, nunca é literal.Talvez o povo seja realmente sereno. Ou talvez o povo esteja habituado à bagunça. Algumas das pessoas inquiridas pelos jornalistas mostravam-se satisfeitas face às esperas, e algumas afirmaram nem ter notado os efeitos da greve. Provavelmente porque nos dias sem greve também se perdem bagagens e tempo escusado nos aeroportos. Provavelmente porque os vinte ou trinta por cento da rapaziada do "handling" que compareceram ao serviço são suficientes para dar conta do recado, ainda que do sofrível modo que se sabe. Provavelmente porque a existência nos quadros da Groundforce dos setenta ou oitenta por cento de funcionários "paralisados" apenas se reflecte no orçamento da empresa e não nos resultados. A confirmação da respectiva redundância é outro risco a que os grevistas se expõem, embora o carácter fraternal das leis laborais o tornem compensador de ser corrido.segunda-feira, 20 de Agosto ".

7 comentários:

CK disse...

Após esta citação nem digo mais nada "rovavelmente porque os vinte ou trinta por cento da rapaziada do "handling" que compareceram ao serviço são suficientes para dar conta do recado, ainda que do sofrível modo que se sabe. Provavelmente porque a existência nos quadros da Groundforce dos setenta ou oitenta por cento de funcionários "paralisados" apenas se reflecte no orçamento da empresa e não nos resultados."

Apenas digo que a greve é deve ser uma opção racional em último caso e não para destruição apenas.

AS disse...

Na minha opinião este texto condensa nalgumas linhas muito do que se tem escrito sobre a greve e sobre a Groundforce. Algumas críticas justas, outras injustas e como sempre uma repetitiva ignorância sobre o Handling em geral. Acho que 80% das críticas que tem sido apontadas à GF, especialmente no aeroporto de LX, são fruto da ignorância das pessoas em relação à forma como funciona o mundo da aviação.E como é óbvio, a TAP e a ANA aproveitam essa boleia para sacudir a sua água do capote. Mas para mim, este texto vale a pena só por um motivo: pela tirada do grevista com cabelo em forma de pudim.Genial...

HU disse...

Eis o que a greve assegurou:

Ponto 1 – Revisão Salarial 2007

3% na tabela
3% nos subsídios de turnos
Efeitos a 1 de Agosto de 2007

Ponto 2 – Horários da escala de Lisboa

A Groundforce foi notificada, pela inspecção Geral do Trabalho, para comparecer nas instalações da mesma, na sexta feira pelas 17h, no seguimento da queixa apresentada pelo STHA no mês passado, como é do conhecimento de todos.

Ponto 3 – Contratação a Empresas de Trabalho temporário

Como é óbvio, este ponto, não passa por uma resolução com efeitos imediatos, contudo, foi possível criar uma plataforma de entendimento com vista à contratação futura, pelo que iremos reunir com a Empresa para em conjunto encontrar outras soluções que não passem por este tipo de contratação!!

Ponto 4 – Garantias por parte do GovernoNa audiência com o Governo, foi-nos garantido que os contratos que a TAP tem com a Groundforce, bem como a exclusividade dos mesmos são para cumprir na íntegra e até ao final de 2010!!
O Secretário de Estado, usou expressões como “ cumprimento escrupuloso dos contratos” e “inequivocamente, os contratos são para cumprir”.

Felizmente que os beneficios são para todos: para quem fez greve,para quem cumpriu o horario e até para quem veio trabalhar em folga.
Em relação ao texto não se esqueçam que ele se refere exclusivamente a Lisboa e desses vinte ou trinta por cento da rapaziada do handling faziam parte os tais 300 trabalhadores de empresas de trabalho temporario que se "deram conta do recado" "????" não é nada bom para ninguem.
E estranhamente desta vez não vi nem a TAP nem a ANA a falar mal da Groundforce,antes pelo contrario a ANA estava claramente do lado da Groundforce.

Finalmente quem é que arranja uma foto do tal grevista com cabelo em forma de pudim . :)

CK disse...

Confirmas que esses aumentos são só para o pessoal efectivo??? Nos que não passamos de iniciado grau 0 ou 1 também temos direito a esse aumento???

HU disse...

Falei com o Mateus agora e ele confirmou que os dois 1ºs graus nao vao ter aumento

CK disse...

Ui... mais uma vez discriminação....

DV disse...

pois caros confrades, mais uma vez relegados pra.. nada!!! aumentos so a partir de grau 3!! pq? mais dinheiro pra os q ja ganham mais!?
e de loucos...
tou de acordo com o AS, o melhor apanhado q se faz do sublinhado tem realmente a ver com o PUDIM... pq de resto, nada se aproveita!!
eh eh eh!!!